domingo, 24 de abril de 2011

A LENDA DE TRITAO
(www.infopedia.pt/$tritao)

Querido amigo diário,

Não resisti aos encantos encontrados no Mediterrâneo e voltei à “Ilha das Sereias”, pois a vontade de revê-las dominava-me desde aquela meu último cruzeiro por “mares nunca dantes navegados”. Porém, lá chegando tive uma desagradável surpresa: não encontrei as sereias tomando seu já tradicional banho de sol nos recifes. Quem lá eu vi – como se fosse o guardião da Ilha - foi um Tritão.
Segundo a mitologia grega, Tritão é um deus marinho, filho de Poseidon e Anfitrite; (originalmente, a personificação feminina do mar, filha do Titã Oceano), irmão de Rode, e residindo normalmente no mar, apesar de tardiamente lhe darem a residência num lago na Líbia chamado Trítonis.
Tritão assemelha-se a uma sereia-macho, ou seja, é representado com cabeça e tronco humanos e cauda de peixe. Diz a lenda que ele tinha uma filha chamada Palas, companheira de infância de Atena, que a matou acidentalmente. Trítia, que teve um filho de Zeus chamado Melanipo, seria, também de acordo com uma outra lenda, filha de Tritão. Era esta Trítia uma sacerdotisa da deusa Atena.
Tritão ganhou notoriedade na mitologia grega com o seu auxílio à expedição dos Argonautas, pois indicou aos marinheiros o melhor caminho para atingirem o Mediterrâneo. Deu também, no quadro dessa gesta, um pedaço de terra a Eufemo, como agradecimento pela sua hospitalidade.
Outra lenda configura Tritão como uma personagem de maus instintos, um semideus ciumento e violento. Conta-se, inclusive, que numa festa em honra do licencioso deus Dioniso, em Tânagra, na Beócia, no centro da Grécia, um grupo de mulheres banhava-se num lago quando foi atacado por Tritão. Dioniso, ouvindo os apelos de socorro das mulheres, em auxílio destas acorreu ao lago, afastando Tritão. Nesta aura de figura selvática ou rude, também uma lenda narrava que Tritão semeava o terror nas margens do lago onde habitava, atacando rebanhos e roubando animais. Como a Polifemo, o Cíclope carcereiro de Ulisses e seus homens teriam um dia deixado uma ânfora de vinho nas margens do lago de Tritão. Este, sentindo o seu cheiro, logo acorreu ao local onde estava o precioso néctar e tratou de bebê-lo, ficando ébrio e sonolento. Adormecido, foi então alvo de um furioso ataque, no qual o mataram a golpes de machado. Acabavam assim as devastações em torno do lago e assim se criou o mito da vitória de Dioniso sobre Tritão.
São vários os seres que recebem a designação de Tritão (os Tritões) na mitologia grega, todos eles do séquito de Poseidon e muitas vezes considerados como filhos de Tritão. As suas trompas eram conchas, nas quais sopravam para assustar os marinheiros. Quando lhes apetecia, sabiam também retirar belas e suaves melodias da concha, consideradas músicas inigualáveis, conforme se pode ver na célebre fonte do Tritão, em Roma, que representa perfeitamente este conjunto iconográfico.
E temendo ser vítima daquele ser não tão encantador como as sereias, pedi ao timoneiro condutor da nau que desse meia-volta e seguisse por outros “mares nunca dantes navegados”.

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