segunda-feira, 30 de maio de 2011

O MITO DE CÉFALO E PRÓCRIS: A INFIDELIDADE FATAL
(Lúcia, Mitologia Grega)

Amantíssimo diário,

De volta do Mediterrâneo, deparei-me com uma intrigante e extasiante história de amor, que, devido ao excesso de ciúme e desconfiança, resultou numa tragédia. Trata-se da trágica história de amor de história de Prócris e Céfalo.
Prócris era casada com o Rei Céfalo da Tessália. Amavam-se com profunda ternura, porém sua felicidade terminou quando Eos, deusa da aurora de dedos cor-de-rosa, apaixonou-se por Céfalo e raptou-o para que vivesse ao seu lado. Apesar de toda a sua beleza, ela não conseguiu conquistar o amor de Céfalo. Por fim, perdendo as esperanças, consentiu que ele retornasse para viver com a esposa.
No entanto, sentindo-se abandonada pelo amante, Eos sugeriu que a sua esposa Prócris teria um amante e aconselhou a Céfalo de se disfarçar em um rico mercador e tentar seduzir Prócris com ricos presentes, prometendo-lhe muitos outros presentes caso ela se entregasse a ele. Assim colocaria à prova a fidelidade da esposa e mostraria o quanto os homens são crédulos e ingênuos.
Inicialmente, Céfalo relutou, mas disfarçou-se e fez a corte a Prócris com tanto êxito que afinal ela lhe prometeu ser sua. Nesse momento Céfalo arrancou furioso o disfarce revelando sua identidade, concordando com tudo que lhe havia dito Eos: todas as mulheres são infiéis e os homens são fáceis de enganar. Prócris ficou envergonhada e se exilou em outro país, abandonando Céfalo a seus tristes pensamentos.
Passado algum tempo, Prócris conquistou os favores da deusa Ártemis, que lhe presenteou com uma lança que nunca falhava o alvo e um cão que nunca deixava de trazer a sua presa. De posse desses bens preciosos voltou com um disfarce à sua casa e Céfalo não a reconheceu. Vendo que o dardo nunca errava o alvo, voltando às mãos de quem o lançava e do cão que sempre trazia a caça a seu dono, Céfalo sentiu ardente desejo de possuí-los. Tentando obtê-los, ofereceu sua prata e seu ouro em troca, mas Prócris desprezou o pagamento; em troca exigiu que Céfalo jurasse que nunca amou sua esposa infiel, que a tinha esquecido e ficaria com ela.
Céfalo recusava a cometer o perjúrio, mas desejava tanto a lança e o cão de caça que acabou jurando. Prócris retirou o disfarce e mostrou a Céfalo como era frágil a sedução em função de um desejo ou de um interesse. E sendo ambos culpados, ela propôs que eles esquecessem o passado, renovassem os votos de amor para viverem felizes sem desconfianças. Céfalo se sentiu feliz em ter novamente a esposa em seus braços. Prócris deu a Céfalo a lança e o cão para que pudesse caçar e passaram a viver em completa felicidade.
Certo dia fazia muito calor e Céfalo pediu: - “Vem, brisa suave, vem afagar-me. Sabes quanto te amo! Tu tornas deliciosos os bosques e minhas caminhadas solitárias!”... Alguém, que por acaso ouviu as declarações de Céfalo, foi contar a Prócris que seu marido estava no bosque invocando carinhos em altas vozes e que poderia ser de alguma mulher com quem tinha encontros amorosos, enquanto Prócris supunha que estivesse a caçar. No mesmo instante renasceram as suspeitas e os ciúmes de Prócris.
No dia seguinte, quando seu marido pegou da lança e chamou o cão, Prócris o seguiu secretamente escondendo-se atrás das folhagens para não ser vista. Quando Céfalo ergueu os braços e pediu ao vento que o refrescasse, Prócris inclinou-se para melhor ouvir o que ele dizia. Ela queria saber o nome da sua rival.
No entanto, o ruído nas folhagens chamou a atenção de Céfalo que, supondo tratar-se de um animal selvagem, arremessou sua lança infalível contra a folhagem de onde vinha o ruído. Com o coração transpassado, Prócris caiu com grito de agonia. Assim morreu a bela esposa de Céfalo, cujo fim foi motivado pela maledicência alheia e pela injustificada desconfiança. Em suas últimas palavras, Prócris suplicou que Céfalo nunca se casasse com a odiosa Brisa...

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