sexta-feira, 7 de novembro de 2008

ÍSIS, A DEUSA EGÍPCIA DO AMOR E DA MÁGICA
(Wikipedia)

Amigo diário,

Conversando com meu psicanalista, ele falou-me que os casos de incesto não são exclusividade do Olimpo. Segundo ele, essa prática sempre existiu e sempre existirá entre os deuses, sejam eles gregos, romanos, egípcios, nórdicos ou de qualquer outra divindade. Para exemplicar a sua fala, ele contou-me um pouco a história de Ísis, que ajudou a procurar o corpo de Osíris, seu irmão e marido. Ele tinha sido despedaçado por Set, também irmão de Ísis, a deusa do amor e da mágica, que mais tarde tornara-se a deusa-mãe do Egito.
Disse-me o psicanalista que quando Osíris herdou o poder no Egito, Ísis trabalhou junto com ele para civilizar o Vale do Nilo, ensinando a costurar e a curar os doentes e introduzindo o conceito do casamento. Ela conhecia uma felicidade perfeita e governava as duas terras, o Alto e o Baixo Egito, com sabedoria, enquanto Osíris viajava pelo mundo difundindo a civilização. Até que Set o convidou para um banquete. Tratava-se uma cilada, pois Set estava decidido a assassinar o rei para ocupar o seu lugar.
Set apresentou um caixão de proporções excepcionais, assegurando que recompensaria generosamente quem nele coubesse. Imprudente, Osíris aceitou o desafio, permitindo que Set e os seus acólitos pregassem a tampa e o tornassem escravo da morte.
Cometido o crime, Set, que cobiçava ocupar o trono de seu irmão, lança a urna ao Nilo para que o rio a conduzisse até o mar, onde se perderia.
Algum tempo depois, a urna atingiu finalmente uma praia perto da Babilônia, na costa do Líbano, enlaçando-se nas raízes de um jovem tamarindo, e com o seu crescimento a urna ascendeu pelo mesmo se prendendo no interior do seu tronco, fazendo a árvore alcançar o clímax da sua beleza, que atraiu a atenção do rei desse país, que ordenou ao seu séquito que o tamarindo fosse derrubado, com o proposito de ser utilizado como pilar na sua casa.
Quando Ísis descobriu o ocorrido, afastou todo o desespero que a assombrava e resolveu procurar o seu marido a fim de lhe restituir o sopro da vida. Assim, cortou uma madeixa do seu cabelo e a escondeu sob as roupas, peregrinando por todo o Egito na busca do seu amado.
Enquanto isso, Ísis prosseguia na sua busca pelo cadáver de seu marido, e ao escutar as histórias sobre esta árvore, tomou de imediato a resolução de ir à Babilônia, na esperança de ultimar enfim a sua odisséia. Ao chegar ao seu destino, Ísis sentou-se perto de um poço, ostentando um disfarce humilde e brindou os transeuntes que por ela passavam com um rosto lindo e cheio de lágrimas.
Tal era a sua beleza e sua triste condição que logo se espalharam boatos que chegaram ao rei da Babilônia, que, intrigado, a chamou para conhecer o motivo de seu desespero. Diante do monarca, Ísis solicitou que lhe fosse permitido entrelaçar os seus cabelos. Uma vez que o regente ficou perplexo pela sua beleza, não se importou com isso, assim Ísis incensou as tranças que espalharam o perfume exalado por seu ástreo corpo fazendo a rainha da Babilônia ficar enfeitiçada pelo irresistível aroma que seus cabelos emanavam. Literalmente inebriada por tão doce perfume dos céus, a rainha ordenou então a Ísis que a acompanhasse. Assim, a deusa conseguiu entrar na parte íntima do palácio do rei da Babilônia e conquistou o privilégio de tornar-se a ama do filho recém-nascido do casal régio, a quem amamentava com seu dedo, pois era proíbido a Isis ceder um dos seios, pois o leite dela prejudicaria a criança.
Se apegando à criança, Ísis desejou conceder-lhe a imortalidade, para isso, todas as noites a queimava no fogo divino para que as suas partes mortais ardessem no esquecimento. Certa noite, durante o ritual, ela tomou a forma de uma andorinha a fim de cantar as suas lamentações. Maravilhada, a rainha seguiu a melopéia que escutava, entrando no quarto do filho, onde se deparou com um ritual aparentemente hediondo. De forma a tranqüilizá-la, Ísis revelou-lhe a sua verdadeira identidade e terminou o ritual, mesmo sabendo que dessa forma estaria a privar o pequeno príncipe da mortalidade que tanto desejava oferecer-lhe.
Observando que a rainha a contemplava, Ísis aventurou-se a confidenciar-lhe o incidente que a fez visitar a Babilónia, conquistando assim a confiança e benevolência da rainha, que prontamente lhe cedeu a urna que continha os restos mortais de seu marido. Dominada por uma imensa felicidade, Ísis apressou-se a retirá-la do interior do pilar. Porém, o fez de forma tão brusca, que os escombros atingiram, mortalmente, o pequeno príncipe.
Com a urna, Ísis regressou ao Egito, onde a abriu, ocultando-a, nas margens do Delta. Numa noite, quando Ísis a deixou sem vigilância, Set descobriu-a e apoderou-se, uma vez mais dela, com o intento de retirar do seu interior o corpo do irmão e cortá-lo em 14 pedaços e, depois, arremessá-los ao Nilo.
Ao tomar conhecimento do ocorrido, Ísis reuniu-se com a sua irmã Néftis, que também não tolerava a conduta de Set, embora este fosse seu marido, e, juntas, recuperaram todos os fragmentos do cadáver de Osíris, à exceção do seu sexo, que fora comido por um peixe... Pobre Ísis!
A deusa invocou então todos os templos e todas as cidades do país, para que estes se juntassem à sua dor e fizessem a alma de Osíris retornar do Além. Uma vez que todos os seus esforços revelavam-se vãos. Ísis assumiu então a forma de um falcão, cujo esvoaçar restituiu o sopro de vida ao defunto, oferecendo-lhe o apanágio da ressurreição. Em seguida, Ísis amou Osíris, mantendo-o vivo por magia, tempo suficiente para que este a engravidasse.
Uma longa e maravilhosa história, diário querido, porém minha hora com o psicanalista terminou e tive que sair sem ouvir o seu fim, infelizmente, pois estava apaixonando-me pela história da deusa Ísis.

Um comentário:

Roberta.rj disse...
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